domingo, 27 de novembro de 2011

"Que estranha forma de vida

Tem este meu coração... "de apicultor!

No dia em que todos evocam o Fado, oficialmente distinguido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, ocorre-me este tema cantado por Amália para descrever  a minha relação com a apicultura...

Nos últimos fins de semana com a melhoria das condições climatéricas, os maneios têm sido intensificados e provavelmente cada vez serão mais esgotantes...
As colmeias estão a iniciar o seu processo de explosão e se estas temperaturas amenas se mantiverem, tudo poderá ser muito complicado... Hoje na Mata e em Portovedo coloquei várias alças na posição 4 e as médias são altas para a época...

Por ora demora-se 2 a 4 minutos por colmeia, mas em breve será entre os 10 e os 15 minutos quando no controle da enxameação  começar a catar mestreiros que aliás já se mostraram hoje... não falando das outras preocupações que gostaria de implementar ainda este inverno se o tempo o permitir...

Por todo este fado, só posso cantar: "Que estranha forma de vida, tem este meu coração..."

Ascosferiose

O que eu não seu explicar...


Na descrição de muitas das doenças das abelhas, aparece como comentário ao diagnóstico: "sem tratamento",  como que para tranquilizar o apicultor, como que dizendo não perca grande tempo... desfaça-se disso quanto antes!...

A ascosferiose, consoante a época do ano, manifesta-se sempre nos meus apiários, digamos que uma  ou duas colmeias em quarenta, apresenta a doença, embora nesta época do ano esteja tudo limpinho... São colmeias em regra marginalizadas, a maioria das vezes depois de uma intervenção que as conduza ao material mínimo, isto é à redução de quadros ao mínimo necessário...

O ano passado, no apiário da Mata , quando as temperaturas subiram na primavera, uma das colmeias de mestra espanhola revelou-se com grande infestação a ponto de eu a marginalizar por completo, embora se revelasse muito trabalhadora e até lhe tenha tirado uma alça de mel das duas que encheu!... 

Ora em final de Setembro, sem qualquer intervenção minha, estava limpinha... Hoje é a melhor colmeia do apiário da Mata!...
Já tem tanto material que não sei como a vou tirar de lá!...
Provavelmente não vou, porque não lhe quero retirar material vivo e ceras que possam ser portadores de esporos.

sábado, 26 de novembro de 2011

Apicultura vrs. Varrocultura

Arte de criar abelhas ou de multiplicar varrôas!...

Não posso dissociar a criação de abelhas da excepcional sensibilidade que o apicultor precisa ter, para além do conhecimento, para ser possuidor da habilidade necessária aos maneios adequados  ao êxito da sua produção!... Concordo por isso que a designem como arte não podendo esquecer que vai muito para além... devendo esse  conhecimento disperso por tantos "artistas"  ser registado em escrita!

Mas esse êxito está irremediavelmente ligado ao controlo da população de varrôas nas colmeias.
O apicultor tem que ter sempre presente que é um criador de abelhas e de varrôas e que o êxito duma é a desgraçada da outra!...

Iniciarmos a época da colheita sem a população de varrôas controlada, pode abalar a produção e aumentar significativamente a carga de trabalho e até, se faltar habilidade e tempo, à perda de efectivos...

É neste contexto que me custa entender as displicentes políticas sanitárias na apicultura... mas eficazes na varrocultura

domingo, 13 de novembro de 2011

Tenho o armazém meio cheio

ou meio vazio...

Este ano sem dar muito por isso acabei por admitir um aumento na população de colmeias na ordem dos 40%, consequência da produção de mestras em final de época... e não conseguir dizer basta, impondo um limite!
Por ora não me tenho recriminado mas quando no Sábado fazíamos contas ao número de alças distribuídas que acabava de igualar o número de alças em armazém que é o mesmo que dizer que tenho menos de 2 meias alças  para distribuir por colmeia fiquei apavorado, imaginando que dentro de dois meses estarei provavelmente a meter-me em despesas, a menos que engendre uma nova estratégia!...

Dias de Chuva

são de loucura e puro stress...


Nas últimas semanas a chuva tem estado quase sempre presente, com dias de intensas chuvadas ou de chuvas moderadas entremeadas de bátegas de alguns minutos que  deixam qualquer humano desprevenido encharcado num segundo...
Questiono-me como verão elas este tempo que todos detestamos mas que é aproveitado até à morte...
Perfeita loucura e de grande stress!...

Hoje a meio da manhã foi a Cabedelo buscar os óculos que ontem por esquecimento deixei uma vez mais em cima de uma colmeia!
Chuviscava e elas trabalhavam incessantemente, num desafio à chuva e risco permanente de vida.
Depos de apanhar os óculos numa corrida, fiquei no carro a observa-las, a ouvir as notícias e a confirmar os efeitos devastadores das bátegas de chuva que em períodos mais longos, impediam muitas abelhas de atingir a entrada da colmeia!...
E nem por isso elas param de saír!...

Não tenho forma de as convencer do contrário e prevejo portanto que a próxima semana com previsão de chuvas moderadas e temperaturas amenas será uma semana de grande devastação na população das colmeias!...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Acabou!

O Apiário da Mata...

Hoje ao início da tarde, recebi a visita do filho do meu vizinho na Mata!
Não o conhecia antes, ao contrário do pai que me fazia visitas frequentes, me obrigava a parar os maneios para que as abelhas não o picassem, deliciando-me com as suas histórias e com as minhas próprias lições de apicultura que ele parecia de igual modo apreciar!...
O meu apiário era também o vizinho mais próximo, pouco mais de 120m... visita diária obrigatória, dizia o velho Manuel Esteves!...
Foi assim durante seis anos, um apiário de grandes recordações!...

O filho Esteves que vive no apartamento no centro da cidade, reclamou dum suposto aumento do número das colmeias... são agora menos de um terço do que já lá tive!...
Reclamou dos dejectos delas, provavelmente a mais de 130m, por sujarem o carro novo das visitas, (que estacionam à porta), mancharem a tinta do muro e... balelas...
Expliquei de modo claro  das razões de tal ocorrência, nesta altura do ano, e... estendi a mão...

Despedindo-me com um: - Eu tiro-as, começo já amanhã, porque não as tenho para que elas transtornem os vizinhos!

Acabará até ao fim do ano!