sábado, 25 de abril de 2009

A picadela que me faltava...

Na vista esquerda!
Desde miudo que sempre apanhei muitas picadas de abelha, com o devido desconto de quem recorda já à distância, sempre achei já ter apanhado picadas em tudo o que era sítio...
Na minha iniciação juvenil à apicultura, lembro o bater dos cortiços usando pela cabeça um pano de tule branco, uma cortina das janelas da avó Quitas; os maneios das colmeias com as mãos sempre nuas e até de mangas arregaçadas, detestava aquelas luvas de camurça que me tiravam a sensibilidade e matavam dezenas de abelhas... preferindo assim apanha-las eu, porque sempre fora pouco sensível ao veneno...

Há 5 anos quando recomecei a apicultura depois de quase trinta de descanso, logo no primeiro dia, quando foi comprar cinco colmeias, apanhei tanta picada que penso ter até ficado com febre durante dias!... Pelo menos nos tornoselos e pulsos fiquei!... Foi indescritivel!...
A partir desse dia, escusado será dizer, passei a detestar ser picado...
Não gosto de ser picado!...
Mas continuo a apanhar muitas picadas!...
Mantenho-me pouco sensível à apitoxina mas as picadas tornaram-se muito dolorosas.
Ontem, quando abria uma colmeia, uma abelha picou-me por cima das luvas de latex, elevei o dedo picado até à altura dos olhos e com a ponta do raspador raspei desajeitadamente o ferrão do latex e senti ao mesmo tempo como que um espirro que se projectou sobre a minha vista esquerda: inadvertidamente fiz projectar uma minuscula gota de veneno para o interior da vista, ao esmagar a bolsa do veneno!...
Foi um ardiúme que parecia queimar, insuportável, que me fez fechar continuadamente as vistas quase sem capacidade para ver, provocando um choro imparável uma visão nebulosa e vista muito vermelha... era como que tivesse ocorrido um arranhão!... Com o tempo os sintomas foram diminuindo mas prolongaram durante horas.
Chegado a casa corri para o computador à espera de encontrar uma boa notícia e logo à primeira saíu-me esta: http://www.maxima.pt/0405/corpo/200.shtml...
Afinal o que eu preciso é de apanhar mais picadas!!!...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A mais pequena garfa

que alguma vez vira!...


Antes de ontem numa visita à hora do almoço a Cabedelo, casualmente encontrei-me com o pai e com ele dei uma volta pelo apiário sob o calor intenso, até que nos detivemos junto a uma sombra onde pararam a maioria dos enxames recolhidos no apiário... Pendurado num pau ali estava uma garfa que cabia na minha mão!...
Teríamos ali uma mestra virgem... e a vontade de a aproveitar levou-me de imediato a orfanizar uma colmeia com dois ninhos...

domingo, 19 de abril de 2009

Insólitos com mestras...

e muitos mais zangões... e pragas!
Anos de grande fartura de néctares, o apicultor nem precisa de se preocupar com o detalhe, até porque não tem tempo, nem o detalhe é importante!... A Providência Divina, ou da Mãe Natureza, encarrega-se de tudo para tudo saír bem e com grandes excessos!...
Dos vários enxames e renovações de mestras que ocorreram nos meus apiários, muitas mestras novas desejaram e tudo fizeram para ter as melhores cópulas do apiário e, fizeram-no umas com mais êxito que outras... num assustador fernezim!... Há duas semanas atrás entre as 14H00 e as 16H00, com a saída dos zangões, era assustador estar em Cabedelo com tal movimento de abelhas, de tal modo que o coração chegava a bater mais rápido!!!...
Os insólitos da Providência:
1- Na quinta-feira santa, à hora de saída dos zangões, a uns 6m de mim como que uma bola de abelhas se projectou de cima para baixo, a grande velocidade, sobre uns matos, como que se desfazendo junto às plantas... elevando-se rapidamente já com o grupo desconjunturado, alguns mais lentos porque caíram às plantas ou porque deram mais umas voltinhas antes de se elevarem... aprecei-me: era uma bola de zangões, só zangões, que provavelmente perseguiam uma mestra nova!...
2- Dos primeiros enxames que apanhei um deles obrigou-me a cortar um pinheiro com uma dúzia de anos... depois de lhe ter partido a ponta da flecha ao abanar o pinheiro para a queda do enxame... cheguei a rogar pragas ao enxame por me ter levado a estragar uma árvore! Vi a mestra entrar... pareceu-me grande e bonita! Como o enxame não era grande pensei tratar-se de uma mestra nova... passado um mês ainda não começara a pôr, dei-lhe quadros vazios e cada vez que a vejo parece-me estar maior... Foi das pragas!...
3- Uma determinada colmeia foi dividida, para aproveitar os mestreiros que nela encontrei e que eram poucos, tendo destruído todos os mestreiros que existiam na colmeia com a mestra, uma mestra do ano passado obtida por translarve...
Passado uma semana, a colmeia com a mestra que até ficou com poucas abelhas, já estava outra vez cheia de mestreiros... Como não tinha material à mão nem paciência, fechei a colmeia e prometi voltar nos dias seguintes. Não cumpri, só cheguei oito dias depois e as mestras já estavam nascidas... e a mestra a pôr...
Como não tinha jaulas comigo, fechei a colmeia e roguei-lhe umas pragas!... Passados mais oito dias, já a colmeia se encontrava de novo cheia de mestreiros... mais pragas!

Para acalmar uma chuvinha

tão desejada!...

A semana santa, da Páscoa, e esta última que se lhe seguiu foram de chuva e frio, muito frio o que foi bom para acalmar este ritmo doido de apanha enxames, tira mel e põe alças...
Se a falta de espaço já estava resolvido, pelas tiragens de mel e material comprado, adivinhando-se um breve termo da colheita, o mesmo já não poderei dizer das sucessivas garfas de enxames secundários que com o argumento do calor... não paravam a sangria de algumas colmeias.
Pela manhã dei a volta habitual, de mãos nos bolsos e deixei-me deliciar pelo movimento, pelo trabalho quer de pólens quer de néctares, confirmando-se excelentes populações em algumas colmeias...
A Mata continua a levar a dianteira na quantidade e uniformidade de movimentos, foi daquelas manhãs em que... todas as colmeias nos surpreendem: até as amarelinhas estavam mais amarelas e os núcleos novos e as da frente, e as das mestras produzidas por translarve o ano passado!... Tudo é magnífico e espectacular!...
Em Cabedelo não resisti a abrir duas delas e a fazer um pequeno filme...
À tarde foi dar uma olhada às florações de urze queiró no Caramulo, (encostas de Vouzela), muito mais atrasada que a nossa... fiquei cheiínho de vontade de ter lá um lugarzinho daqui a duas semanas... é tão obstinado o meu gosto pelo mel de queiró que terei de meter anúncio de jornal para arranjar um bocadinho de serra para as minhas abelhas... fica já aqui o anúncio!...
Quiac! Quiac!...